sexta-feira, 16 de novembro de 2012

"Colcha de retalhos para respostas comunitárias" - Fábricas de Cultura V. Nova Cachoeirinha


Dia 10 e 11 de novembro, foi a vez da biblioteca da Fábricas de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha nos receber em mais um encontro com leitores, no intuito de trabalhar a literatura e a poesia com os participantes e, juntos, realizarmos mais uma "colcha de retalhos para respostas comunitárias".

Novamente sentimos na pele a potência da colcha como disparadora de relações e conversas.


Numa manobra sutil, mudamos um pouco a nossa pergunta chave:



Todos descalços, mãe e filha, irmãos, avós e netos, todos, até quem não participou diretamente deu seu pitaco. Acabar com a hierarquia, perseverança, amor e paz, entre outras, foram algumas respostas da família Onorato que estava presente na feição da colcha.


 As pessoas iam dando suas respostas nos retalhos e depois umas iam ensinando as outras a costurarem suas ideias à colcha, interagindo entre si.












 Enquanto o pessoal ia realizando a costura iamos intervindo com a leitura de poemas em voz alta, indagando os poetas sobre o que eles fariam para mudar o mundo (faremos uma postagem especial sobre esse fenômeno). Perguntávamos em voz alta, respirávamos fundo, abríamos o livro e liamos a estrofe da primeira página que caia. Depois perguntávamos uns aos outros: e ai respondeu? E alguns diziam que sim, outros descordavam e as frases giravam em torno de breves debates entre os participantes.


 Enquanto realizávamos este jogo, fomos conversando sobre a importância dos poetas e que, a nação que não ouve seus artistas e poetas está fadada ao declínio. Também conversamos sobre os oráculos da antiguidade e que os poetas hoje, são uma espécie de guardadores desta tarefa, os poetas são os oraculos das sociedades atuais, por isso a importância de ouvi-los.











Quem não tinha as respostas ali, na hora, podia consultar os livros de poesia e de literatura, disponíveis no espaço.






 Percebemos que a Costura Urbana é reflexão do começo ao fim, mesmo que não aconteça o tão solicitado e pedante "momento reflexivo", percebemos que os participantes, por pouco que seja, carregam na mente e no corpo ( ato terapêutico de costurar), a experiência, levando para casa a reflexão.








Talvez essa (favela/cortiço/maloca) seja a tradução para a estética da partilha. Esta colcha representou em seu processo e em sua finalização, a estética da relação. Pela diversidade e potência, esta colcha pode trabalhar em seu âmbito, questões sociais e terapêuticas - pessoas de várias situações de saúde, opiniões, crenças, vivendo o mesmo poema, costurando a mesma colcha. Acentuado pela intimidade do lugar, uma forte relação de troca  ( humana, palavras, energia) desde os pés descalços, ao revezamento de agulhas, todos se relacionaram, se encostaram em prol da colcha de retalhos, visando achar respostas para melhorar o mundo.




Quatro lições da costura:


1ª - não costurar, deixar que os participantes costurem suas próprias idéias para que eles se apropriem da coisa - troca real - entre todos e o objeto-colcha.


2ª - deixar as pessoas a vontade e respeitar o tempo de cada um.


3ª - treinar o silêncio e privilegiar a escuta, mediar sem interferir no debate e confiar.  Ao invés de trabalhar, respirar, pois "mestre não é aquele que ensina e sim aquele de derrepentemente aprende" (G. Rosa) - levar isso as últimas consequências.


4ª -  trabalhar para que a dispersão  não aconteça ou incorpora-la como fundamento - superar o meio termo e a dor do abandono - não ser o messias, não firmar na falta, não aderir as demandas excessivas dos espaços pedagógicos e dos meios da arte em geral que impõe a reflexão como regra, não criar espaços para a reflexão e jamais subestimar o outro achando que eles não refletem, e que precisam de espaços "criados" para refletirem, como se eles dependessem de alguém para faze-lo. Propor espaços de presença do começo ao fim - carregar isso na fala e no corpo.


Ótima resposta Jards!!!

...
Novamente agradecemos a equipe do Fábricas de Cultura e a comunidade da Vila Nova cachoeirinha por mais este momento CRIATIVO!!!

Muito obrigado!

Mega Bazar - Brexote


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Colcha de retalhos para respostas comunitárias na Fábrica de Cultura do Jd. São Luiz

Nos dias 3 e 4 de Novembro, nós do costura urbana realizamos mais uma "Colcha de retalhos para respostas comunitárias" no Fábricas de Cultura do Jardim São Luis, com o intuito de trabalhar a literatura  com os participantes da biblioteca.

No dia 3, como de costume, iniciamos a atividade lançando nossa pergunta chave aos participantes:

" Oque você faria para mudar o mundo?"

E todos com muita potência criativa, responderam a pergunta em seus retalhos para que no dia 4, juntos, costurássemos as ideias de todos numa colcha para ser exposta no espaço como um totem comunitário, construído coletivamente para representar a ideia de todos.

Foi maravilhoso viver este momento, juntar ideias de diferentes gerações em prol de uma unica inciativa: Buscar sugestões e possibilidades para o mundo hoje.


Muito obrigado à equipe do Fábricas de Cultura e a comunidade do Jardim são Luis que nos acolheram com muito amor em mais essa empreitada e, mais uma vez mostraram onde estão e de onde vem as respostas.




















+escuta + contato físico + união + atitude + criatividade + acolhimento+ arrepio na nuca + sugestão + alegria + essência + compartilhamento + aprendizado + reconhecimento
são algumas palavras que transbordaram da ação.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Costura Urbana Abençoado em sua missão e ação.





O Costura Urbana no Encontro Respostas Comunitárias recebeu a benção e saiu fortalecido pelo índios pelo ritual de pagelança por meio do xamanismo. Obrigado por abrir e proteger os nossos caminhos.
A visão holística da cultura xamanista não pode ser esquecida fornecendo ao pajé um importante elo que o integra ao todo. Nesse sentido Fritjot Capra, em ponto de Mutação, sintetiza: "A característica predominante da concepção xamanista de doença é a crença de que os seres humanos são partes integrantes de um sistema ordenado em que toda a doença é consequência de alguma desarmonia em relação à ordem cósmica. Com grande frequência, a doença também é interpretada como castigo por algum comportamento imoral (negação dos direitos básicos moradia, saúde, educação e trabalho)








quinta-feira, 29 de março de 2012


Costura Urbana!

Primeiro manifesto poético

Para a leitura deste primeiro manifesto poético vale lembrar “O Eu profundo e os outros Eus”  
de Fernando Pessoa



Costurar um no outro, costurar o Outro dentro do outro à ele mesmo.

Lembrar ao outro que este Outro nele ainda existe.

Viemos costurar o Outro no outro*

Cremos que o Outro dentro desse outro é feito de sonhos*

Viemos para costurar o outro em seus sonhos e o sonho desse Outro no outro ao sonho do Outro dentro dos outros, numa costura interna (aqui, profundidade é questão de pele).

Do e no Trabalho:

é uma luz tão forte que cega e fosca a vista, como um fleche, ou hologramas que projetam uma imagem sugerida sob a luz anterior.

Desconfiando sempre da primeira face (da imagem projetada), descobrimos que a maioria das pessoas que vemos de primeira não são elas, são elas esquecidas do Outro* (luz do projetor antes da imagem a ser projetada).

Nas pessoas (outro), viemos para resgatar o Outro dentro – cremos que este Outro dentro é que é o verdadeiro e que esse é o outro real.

 Queremos afetar o real do outro

Este Outro dos sonhos está distante – é como um parente próximo que há tempos não visitamos, só pensamos nele vagamente (sempre culpados pelo adiamento da visita – esse ano eu não fui por que não deu tempo, mas o outro ano eu vou – e assim os anos se arrastaram no campo do “si”). Por conta dos afazeres do dia a dia (afazeres de outro – este outro sou eu de fato? – pergunta precisa para começar a se costurar) nunca paramos para visitá-lo em sua casa.

Queremos unir estes parentes, levando um para visitar* à casa do outro, para que o outro veja seus sonhos (Outro), em seguida se veja em seus sonhos até que não ajam distinções entre eles.

(memória do futuro, viver o delírio, incorporação de uma leitura) *.

Queremos misturá-los e transformá-los em um Outro*

Com o nosso Trabalho, detectamos e passamos a crer que essa costura que propomos fazer, na verdade nunca se desfez e que seria muita pretensão achar que conseguiríamos executar este trabalho.

O que queremos através de nossos singelos atos, é lembrar o outro da existência dessa Costura e dizer*, como ervas daninhas crescendo na fresta da calçada, que ela está ai, incondicionalmente, como sempre esteve.




                                                                   ***




*Aqui, vemos o outro partido no fenômeno da vida prática que separou o ser dos momentos de devaneio. Dos fenômenos que separaram a prática da reflexão e a poesia do cotidiano. Não iremos identificá-los nem nomeá-los, pois cremos que a humanidade padece em esticar o chiclete e assim como cremos que falar da vida estica a vida, cremos que falar dos problemas aumentam os problemas. Cremos que a humanidade está um passo a frente destas dificuldades, já sendo elas superadas. Somos e devemos realizar a superação.

* aqui tratamos do sonho desperto, do sonho do claro da luz do dia. Nunca o sonho do sono da noite, que nos assalta para uma água furtada á qual nunca somos sujeitos e sequestrados só participamos. Falamos do devaneio, do sonhar acordado, daquilo que nos invade nos momentos mais remotos de ócio (momento gerador e de criatividade) e que fervendo nos domina a alma e nos transporta de fato para outro lugar. Sabemos que o Devaneio é rejeitado pelos programas da vida prática que tentam sem saber destituir a criação do homem. Também sabemos que o devaneio foi esquecido pelos meios psicanalíticos que se atinham somente aos restos do cotidiano. Por isso viemos através de diálogos e momentos de prática, restituir e tirar a palavra devaneio do limbo, resgatando os momentos perdidos para manifestar o que nos furta nestes momentos, no mundo das formas.



*do outro de dentro – esquecer-se do outro de dentro é esquecer do outro



*Aqui sabemos que visitar é habitar e que se visitamos, por curto tempo que tenha este momento, habitamos este momento. O que nos conforta, pois se dissemos em algumas linhas acima que, só pensamos vagamente nesse parente, detectamos a habitação desse parente (outro) e vemos que o nosso trabalho (costura urbana) não é nada mais que esticar este momento, alongando a sensação de habitá-lo.

... acesso ao dom poético, de que o exemplo longínquo foi a prática mística. Porque, hoje, o problema não é fundar a liberdade, mas alargar seu âmbito, levá-la até o vivo, fazer de nós vivos no meio do vivo. (LLANSOL, 1994, p. 120).

*Aqui, pode-se demitir a manobra de “ver o sonho” e ir direto ao exercício de “se ver no sonho”. Cremos que a escolha do trajeto depende da espessura da blindagem que encobre o Outro do outro e nos impede de ver o Outro no outro. Daí cabe à tarefa de inventar, criar e testar (fazejamento), pois sabemos, mesmo desconfiando, que para quem não tem nenhum caminho, qualquer um serve. Mas uma certeza periférica nos ronda: onde não tem ponte, se constrói a pinguela, o que não pode é ficar sem atravessar.

*Para verificar este Outro (novo até para nós), necessitamos de algumas justificativas:
Mudarmos o nosso nome de Costura, para Mistura Urbana, pois é isso que propomos aqui, misturar para ver o que vai dar. Acreditamos que, se tratando de humanidade, a experiência do contato e da mistura é inevitável - em casos extremos como grandes catástrofes e em coletivos urbanos, ela se manifesta em evidencia.

O Outro é com letra maiúscula no início por que diz de um Outro divino, um Outro a ser adivinhado, decifrado, recepcionado e trabalhado. Outro por vir.

Mudar o nome de Costura, para Postura Urbana, pois este Outro por vir vem ligado à novos conceitos de viver em sociedade. Ele é o novo homem para essa nova sociedade.

 Aqui encerra nosso trabalho de dizer aos outros, sobre esse Outro “novo homem” que essa  “sociedade nova” exige, pois ele já desponta na ponta da lança que nos atinge inevitavelmente. Nosso trabalho é o de ampará-lo. Aqui, não se trata de peixe grande, trata-se de pegar com a mão.

* Aqui dizer é fazer e fazer é dizer. Não dizemos ela, dizemos ela, nela.


Costura Urbana, março de 2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

Respostas Comunitárias



Nos dias 21 e 22 de março, nas instalações da FUNARTE SP, aconteceu o encontro Respostas Comunitárias, uma ação desenvolvida pelo Instituto Empodera em parceria com diversas instituições que juntas criaram um espaço de debate, trocas de vivências e saberes visando ouvir respostas de agentes populares vindos de comunidades de todo Brasil e alguns países da América Latina, possibilitando a multiplicação de tais conhecimentos ampliando as possibilidades de resolver questões da sociedade.

O Costura Urbana não podia ficar fora desse encontro.

Fomos uma resposta comunitária na área da saúde, com o programa OPS! (orientação, prevenção e saúde), com o Lucio Nascimento junto aos Quixote Jovens Bia, Léo, Marcelo e Washington, orientando os jovens presentes através de entrevistas, vivências, troca de ideias e a distribuição de preservativos e materiais informativos relacionados ao tema DST – AIDS







Em parceria com “Abanca” (audácia jovem) também realizamos a ambientação do espaço de vivências “Práticas Comunitárias” (espaço que pretendia de forma prática, vivenciar cada resposta). Transformamos o teatro da Funarte numa verdadeira comunidade, com tecidos, paredes grafitadas e, para unir todas as respostas, anseios e sonhos destas pessoas que compareceram ao evento, oferecemos retalhos onde, no cerne da palavra encontro, os sonhos e respostas eram pintados com cores  que iam dando formas diversas  que eram costuradas ali na hora mesmo, pelas mãos do artista Bruno Pastore ou por qualquer pessoa que se disponibilizasse a colaborar com aquela troca de energias em forma de “colcha de retalhos”.























Para finalizar os dois dias de encontros e trocas, fomos abençoados por um ritual comunitário, com
uma dança circular indígena que unificou de fato os sonhos desta colcha.



Agradecemos aos parceiros Projeto Quixote, Ashoka, Lua Nova, Roberto Madalena e Yame Vieira por terem colaborado para mais essa ação do Costura Urbana.